26 de janeiro de 2008

Pela Janela...

Eu me mudei recentemente. Depois de umas confusões muito estranhas entre meus pais, acabei parando nessa casa que estou agora. E o que me chamou a atenção nessa nova casa é o meu comportamento com relação a vida alheia, uma vez que meu quarto fica agora no primeiro andar e com uma vista para a rua do lado. Nunca pensei que eu viria a ser tão curioso em saber o que se passa nas casas vizinhas.

Lógico, devo preservar o direito de privacidade que todos nós temos. Mas que ver o comportamento de outras pessoas, do ponto de vista crítico-científico é muito mais interessante do que olhar para uma parede como era na outra casa.

Por exemplo, descobri olhando pela janela que minha rua é cheia de músicos, desde o meu vizinho até os gêmeos no final da rua. O que é deveras interessante pra mim, já que gosto sempre de aprender algo a mais do ponto de vista musical.

Também descobri um outro sentimento desconhecido até agora: vi algumas crianças, devo destacar, crianças dirigindo uma daquelas lambretas da marca Traxx. Não que eu esteja com inveja, não gosto das Traxx's, mas o que não me conformo é como alguns pais têm a coragem de dar uma moto, por mais barato que seja, a jovens que ficam brincando sem atenção ao trânsito em certos momentos. E eu às vezes tendo de mendigar a passagem de volta do ônibus. Acho apenas uma irresponsabilidade.

Talvez eu esteja ficando velho e desenvolvendo meu senso de responsabilidade social-financeira, mas só percebi isso porque olhei pela janela.



Não queira ser vizinho do Ray.
Ray é fofoqueiro.

18 de janeiro de 2008

Uma Bala Perdida...

Me atingiu! Como uma bala perdida que atravessou minha carne e nela encontrou um abrigo, que talvez não saiba o que aconteceu, como aconteceu, de onde foi atirada. Mas mesmo em sua ignorância me feriu. Ignorância, talvez tenha sido esse o seu poder, sua força, sua aerodinâmica. Tinha que me atingir, estava gravado em sua lateral o meu nome. Um nome, era tudo o que sabia. Desconhecia sentimentos, desconhecia caminhos, e modos.

"Mas com tudo isso, eu a proclamei minha cicatriz favorita. Manterei para sempre fechada, manterei selada para sempre, fechada." *

Assim o fiz. Não chorei mais que o necessário. Apenas abracei a dor e a guardei para mim. Agora sei que ela nunca mais sangrará, nunca mais me atormentará. Isso poderá me ser a liberdade: aceitar que estarei preso a ela para sempre, aceitar que fui ferido, sofrido e chorado, aceitar que sou humano.



* Wedding March For A Bullet, música de Diablo Swing Orchestra

11 de janeiro de 2008

Meu céu...

Venha o vento! Arraste-me pra longe! Quero senti-lo rasgando meu rosto enquanto vôo pra longe, enquanto esqueço tudo aquilo que se passou. Quero esquecer o que me feriu, apenas ver minhas feridas tornando-se cicatrizes que me mostrarão que o que se passou não voltará jamais.

Mais alto! Mais alto! Leve-me pra onde eu quero estar: é aqui que eu pertenço. Toda minha vida eu procurei, orei e ansiei pelo momento em que finalmente descobriria o lugar onde Deus realmente quer que eu esteja. E não sairei.

Não pedirei socorro enquanto corro pra longe do chão. Não há necessidade. Só ali nada me impedirá de ser quem eu realmente sou. Estarei liberto do que me prende, estarei coberto de liberdade e ladeado da proteção das nuvens. Escondido. No meu pequeno esconderijo particular.



O meu céu.

3 de janeiro de 2008

Que voz é essa? Que me chama para a realidade, que tenta me acordar desse meu universo cheio de galáxias com planetas e estrelas que cantam a bela canção silenciosa que eu tanto gosto.

Quem é esse que me envolve, me aquece em meio a esse frio e me aponta para aquela luz em meio a escuridão com a qual me acostumei e passei a chamar de lar? Por que tanto trabalho por mim?

Acorde! Chegou a hora! Vá para a luz e mostre e todos aquilo que te tornaste. Surpreenda! Faça todo o tempo valer a pena! Contemple com teus próprios olhos os olhares de cada um daqueles que te conhecem e que novamente vão te ver.

Não! Tenho medo! Faz muito tempo. Irão tirar de mim o que eu tenho protegido, toda a verdade, tudo que eu preciso, minha força e minhas mentiras tão belas. Não as quero perder.

Não a perderás! Sabes a muito tempo o que tu realmente precisa. Todo esse tempo sabias, mas é hora de usar. Criar. Harmonizar o interior e o exterior. Mente e coração, alma e espírito, são agora a mesma coisa, como num casamento perfeito que nunca terá divórcio.

Vamos! Estamos quase lá! Agora abra os olhos e veja. O que tão ansiavas mas não podias procurar.

Abra os olhos e veja...

Lindo não é?