14 de maio de 2011

Sentimentos…

É engraçado como nós, humanos, gostamos de “valorizar” coisas. Tudo bem atribuir valor a algo, afinal um significante sem significado perde o sentido de ser. Mas há coisas que não podem ser medidas, quantificadas, qualificadas ou, pior, comparadas. E os sentimentos são uma dessas coisas.

Lembro de certa situação recorrente no meu ensino médio: paixão adolescente. Escrevi uma carta para uma menina da minha sala. Sim, eu escrevia cartas, mandava flores, carregava livros, sou do tipo que você lê em histórias infantis. Enfim, lembro que não conhecia muito ela, conversava com ela, achava-a engraçada, dela sabia apenas que tínhamos alguns interesses em comum. Por algum motivo que até hoje desconheço eu passava a aula toda olhando para ela.

Não lembro exatamente o que escrevi na carta, mas lembro muito bem da resposta que recebi no outro dia. Ela tinha escrito numa folha de caderno com detalhes roxos, lembro que achei a letra dela bem desenhada. Principalmente, lembro da seguinte frase:

“Me desculpe, não vou poder responder os teus sentimentos a altura, não quero te machucar”.

Isso me deixou triste por um momento. Sentimento não é algo que precise de resposta, ou que precise de troco. Sentimentos são como a água de uma nascente: não para de jorrar por mais que você tente parar.

Amor, amizade, respeito, não importa qual, sentimentos todos valem o mesmo. E a menina da carta me mostrou isso. Foi madura o suficiente para aceitar o que eu sentia por ela. Logo abaixo, na mesma carta resposta ela escreveu:

“Não se preocupe, você acabou de ganhar uma amiga.”

E ela se tornou a minha melhor amiga no ano que se seguiu. Por ela, ainda tenho muito carinho e imensa saudades. Muito obrigado por me ensinar que sentimentos são inestimáveis.