26 de março de 2006

Ruindo...

Passando próximo àquela solitária árvore -pra quem não lembra e tem preguiça de procurar qual é, tá aqui o link- e vejo como a escavação feita pela prefeitura daqui a prejudicou. Com suas raízes à mostra e em vias de não ter mais terra abaixo dela, efeitos decorrentes de algumas tormentas, tornou-se iminente a sua ruína.

E mais uma vez me sinto como ela. Alguns amigos se afastando, outros sendo dragados pelas águas assustadoras do Vestibular. Minhas raízes começam a se denunciar como não sendo tão profundas como eu queria.

E, em meio a tudo isso, uma simples resposta para uma questão de 'sim ou não' me tira o sono. Quem dera eu ter escutado pelo menos um 'não', mas ao invés disso tenho que esperar e perder algumas horas de sono. E talvez essa resposta acabe me fazendo ruir tal qual a árvore solitária que muito me inspirou.

18 de março de 2006

Pensando em versos...

E lá está ele. Apenas olhando, olhando para aquela imagem que o encanta, o espanta e o força a ser uma pessoa que ele não é. E ele começa a pensar, imaginar e escrever. Sim, ele escreve versos que talvez nunca serão ouvidos por um papel. Este já não é essencial a ele. Ele escreve em sua mente.

Versos que falam de alegria e sofrimento. Falam de tristeza e superação. De ódio e paixão. Amor e lamento. Versos que não fariam parte de seu repertório e arquivo. Talvez por não ser de sua natureza escrever assim. Ele era apenas um escritor de versos tristes.

Sua Consciência o chama atenção: "Não faça isso! Se lembra o quê aconteceu nas outras vezes? Se essa história se repetir você pode não suportar!" Enquanto, insistentemente, seu Coração replica: "E daí?". A Razão, por sua vez prefere esperar, esperar pra ver se sua responsabilidade vai se dirigir a maus caminhos. Se isso acontecer ela estará pronta pra entrar em ação. Enquanto isso, os três continuam reunidos discutindo e às vezes rindo da infantilidade da situação.

Infantilidade. Essa palavra estava saindo do vocabulário daquele rapaz. Estava quase se achando capaz de se virar sozinho. Quase abandonara o ninho com esse pensamento. Pensamento que agora fora transformado em poeira graças àquela visão angelical que seus olhos encontraram.

Como uma pessoa pode mudar tanto assim? O que a faz jogar fora toda a sua sanidade quando ela acha que está no auge disso? Será que isso é bom, ou será ruim? O melhor é seguir a razão e apenas esperar.

13 de março de 2006

Meu Brasil...

Por mais que eu não goste da situação política do Brasil - acho até que o Anarquismo seria melhor do que temos agora -, ele continua sendo o meu país e tenho orgulho de ter nascido nele. E uma das coisas que me chateia muito é a imagem que os países 'desenvolvidos' têm daqui.

O Felipe Terra me mostrou em seu blog, O Diário Bizarro, um e-mail de um americano dizendo que o Brasil não era civilizado. Como se fosse civilizado criar guerras e destruir países inteiros a cada dois anos só pra ter um pouco de petróleo, matéria prima na qual o Brasil é auto-suficiente.

Até acho um pouco compreensível eles acharem que todos aqui são negros, que nós falamos espanhol, ou que tem muita gente pobre, pois de certo modo eles estão certos. Mas achar que nós 'andamos de cipó' como eu já ouvi é querer arrumar briga.

E uma das melhores atitudes a respeito disso foi a de Fernando Henrique Cardoso lançar o livro "The Accidental President of Brazil - A Memoir" ("Presidente do Brasil por Acaso - Memória"), um livro sobre a vida dele mas destinado apenas ao público estrangeiro para tentar mudar a visão deles do nosso grande Brasil. Desaprovo a idéia de ser comparado a FHC daqui a alguns anos, mas é bem melhor que ao Tarzan.

Nada contra os americanos e/ou qualquer outro cidadão dos países do norte. Conheço muitos e sei que não são todos assim. Apenas gostaria que eles soubessem um pouco da nossa linda nação antes de dizer que o Brasil se resume a Floresta Amazônica - e por sinal São Paulo está no raking das 3 maiores cidades do mundo.

8 de março de 2006

Dia Intenacional da Mulher...

Hoje é o dia do ano no qual se comemora o Dia Internacional da Mulher. Aí eu pergunto: Por quê? Por que nós empurramos num período de 24hrs uma atitude que deveríamos ter todo o ano: Respeito?

Está bem! Jóia! Esse dia, na maioria dos países, é marcado por debates, conferências, reuniões e discussões sobre o papel da mulher na sociedade atual, e tem tido efeito como o direito ao voto e outras coisas. Mas eu não estou reclamando dos Governos, ONGs ou outro tipo de, como diria Fred Allen, 'reunião de pessoas importantes que, sozinhas, não podem fazer nada, mas que, juntas, decidem que nada pode ser feito.' Eu falo do povão, a grande parcela da população mundial.

Por mais que essas reuniões resolvam alguma coisa, é de conhecimento geral que nem sempre o povo obedece - pelo contrário. Além das precárias condições de trabalho a que estão submetidas (ganhando apenas 65% do valor do salário dos homens), muitas mulheres enfrentam a dupla jornada de trabalho, porquanto assumem, além do emprego fora de casa, a responsábilidade integral pelas tarefas domésticas e o cuidado aos filhos.

Eu sozinho não vou mudar o jeito que as pessoas pensam, mas eu vou tentar começar por mim. E se quiser me ajudar, dê às mulheres o respeito que elas merecem e pelo qual elas continuam lutando.

2 de março de 2006

Divagação...

Um jovem se prepara para produzir (ele é um artista, mesmo que ele não saiba) mas pára de repente. Procura por algo que nem ele mesmo sabe o que é.

Ele espera, espera, espera até a obra final brotar de seus dedos. Dedos que já cansados de repetir tais movimentos mas que mesmo assim continuam a obedecer ao seu dono. Dono também de um dom que poucos têm. Pois poucos têm a coragem de se expressar como a arte dele.

A vida continua ao seu redor enquanto pra ele é como se a noção de Tempo fosse uma criação de insanos. Loucos por poder, por fama, por injustiça. A vida continua em seu ritmo: cachorros latem, pessoas e carros passam na rua.

Mas nenhuma dessas pessoas presta atenção no jovem parado ali apenas aguardando ela chegar. Aquela que faz com que a obra tenha a beleza que todos desejam. Aquela que às vezes é trazida pela alegria e às vezes pela dor, e que tem o péssimo hábito de nunca vir quando chamada.

Quando o jovem menos espera, sua obra está feita. A Inspiração chegou sem ele perceber, e espalhou sua beleza em um texto que aparentemente não tinha sentido existencial. Depois disso, ele desliga o computador e vai fazer um lanche.