25 de agosto de 2006

Abismo de Sacrifícios

No abismo que há entre nós salto todos os dias com esperança de poder te alcançar. Todos os dias me mato assim por ti. Sacrifico-me constantemente, tu podes ver e vês que a cada dia eu fico mais abatido, ferido. Não te culpo por isso. Foi uma escolha feita por mim e, como dizem, a sabedoria não está em fazer as escolhas certas mas em aceitar e aguentar as conseqüências.

E a queda aumenta toda vez que pulo mais longe. A subida demora o resto do dia.

Sei que tu não o cavaste, nem eu o fiz. O que me machuca mais é saber que tu nunca pulaste em minha direção, deixando-me sozinho àquela escuridão, àquelas pedras frias cortando meu coração aos poucos.

Um abismo chama outro, que chama outro, e outro... Quando dei por mim estava ilhado, cercado por todos os lados vendo minha chama se apagando, o silêncio crecendo e corrompendo o ar por onde não ouço ninguém a tentar alcançar-me.

Fico aqui esperando, sacrificando-me, por alguém que queira fazer o mesmo por mim.


Ray precisa de um abraço.

18 de agosto de 2006

Tocando em Frente

Descansa. Estava cansado de ter que correr de tudo e de todos que o atropelariam se tivessem a chance. Em sua mente não parava de escutar aquela bela música que trazia nos primeiros versos as palavras 'Ando devagar porque já tive pressa e levo esse sorriso porque já chorei demais'. Isso o tocava no coração toda vez que escutava.

A quanto tempo vinha sofrendo perdas e privações? Já não conseguia mais contar de tamanha dor que sentia e que ficou guardada para nunca mais ser esquecida. Tal como uma lápide indicando onde jazia o falecido passado. E hoje se encotra defronte a uma nova era, um novo momento em sua vida que não poderia ser atrapalhado por forças que não mais deveriam atuar.

Começou a seguir a filosofia que o encantava naquela música. Decidiu 'conhecer as manhas e as manhãs, o sabor das massas e das maçãs'. Talvez essa decisão tenha sido feita a muito tempo mas ele se esquecera em algum momento em meio àquelas provações. Percebeu que isso o faria dar valor ao que tinha conquistado até então e às conquistas que virão com e de sua força.

Os próximos meses serão decisivos para todas as áreas da sua vida, desde a financeira até a amorosa, da pública à privada, e ele está ciente disso. Cabe a ele escolher se quer subir a um outro nível ou continuar onde se encontra por mais algum tempo.

Ray está feliz atualmente.
Ray, infelizmente, não é atual.

11 de agosto de 2006

Dia dos Pais

Outro dia daqueles está chegando e me deixando muito triste. Todos sabem a minha opinião sobre a existência de feriados capitalísticos como os dias das Mães, das Crianças, do Natal, do Maradona, e outros dias quaisquer que inventam por aí só para fazerem promoções duvidosas em produtos 'caros'.

O meu presente para o meu pai darei no final do ano quando sair aquela bela lista dos aprovados no Vestibular da UFRN na InterTV Cabugi®. Acho que isso o deixará mais feliz do que qualquer meia, ou gravata, ou EcoSport que eu dê. Talvez tenha exagerado quando mencionei o EcoSport, mas isso não vem ao caso pois não irá mudar o meu presente.

É uma pena meu pai ter saído de casa e voltado a morar com a mãe dele. Mas pode ser que esteja bem melhor agora, tanto pra ele quanto para minha mãe e minha irmã. Essas duas são sim mulheres de fibra. Já eu, fico aqui cuidando delas dando mais um modo de meu pai ficar orgulhoso.

Ray ama o seu pai.
Ray quer ganhar um presente de Dia dos Pais futuramente.

4 de agosto de 2006

A jornada...

Olhou para trás. Quantas coisas deixara agora e só restava aquele tortuoso, porém suntuoso, caminho à frente debaixo de um céu instável que parecia engolir o horizonte, para onde a trilha se destinava.

Examinou onde se encontrava no momento. Apenas esse caminho parecia estar certo. Não por ser mais fácil ou mais difícil, mas por começar exatamente ali. As estradas que podia-se ver ou começaram um pouco mais atrás ou ainda tinha-se que andar muito para chegar ao seu começo. Sendo assim, ajeitou o que tinha e partiu.

Não precisou andar muito para ser alcançado por uma tormenta. Cada gota que caía parecia uma faca no rosto, como pedras nas costas, vidro nos pés. Ainda assim acreditava que a nuvem passaria tal como qualquer outra. Por mais que estivesse certo, a chuva demorou muito tempo para se extinguir e quando finalmente se foi olhou o caminho pelo qual passara e percebeu que estava tão preocupado agüentando a tempestade que nem percebeu o quanto andou. Já não conseguia avistar mais o início.

Mirou novamente à frente e se deparou com a seguinte inscrição numa placa: 'Maioridade, um ano(-luz) à frente.'

Ray completa 17 anos hoje.
Ray parece mais novo a cada dia.