9 de fevereiro de 2007

Os Reis

Antes de voltar a colocar textos de minha autoria aqui, gostaria de homenagear um amigo que deixou o ramo dos blogs a algum tempo e cujo link mantive nesse blog até o ano passado na esperança de um dia ele voltar. Não aconteceu, apesar de meus protestos. Mas hoje posto um dos que na minha humilde opinião foi um de seus melhores textos.

Os Reis

por Felipe Terra

"O que é a vida?", eles se perguntavam.

Estavam os homens, todos eles, elevados sobre o mais imponente monte daquela região. Se os deuses que eles diziam acreditar eram verdadeiros, então aquele lugar havia sido abandonado por estes. A pálida, congelada planície desaparecia subitamente; em seu lugar se encontravam somente as elevações quase fatais que atingiam o céu, e subia provavelmente até a eternidade, até o fim do espaço.

Frio é o que os seres normais e mortais sentem. Aqueles homens - elevados sobre o mais imponente monte daquela região - sentiam uma petrificante fórmula que une o frio gélido e mortal, com o medo, a desilusão, e a mais terrível depressão. A neve que caía forte era apenas detalhe: nunca os atrapalhou, nunca iria atrapalhar.

Ali, elevados sobre o mais imponente monte daquela região, estavam os homens, todos eles. Suas cordas vocais agitavam-se melancolicamente e emanavam gigantescas canções, e suas mentes imaginavam e simulavam tragédias e mortes, festas e vitórias, sorrisos e terror. Eram um cântico tão antigo quanto aqueles homens, de uma época há muito esquecida.

Nunca ninguém saberá o que essas canções dizem. Havia palavras heróicas de guerreiros que monstros derrotaram; havia lástimas de donzelas que gritavam socorro para seus príncipes, mas estes não existiam; havia clássicos contos de fadas e divertidas histórias de piratas aborrecidos. Mas ninguém ainda nunca saberá o que dizem essas canções.

Suas vozes cada vez mais fracas, seus pulmões respirando o frio ar pobre em oxigênio, suas mentes cada segundo mais distantes... Eles relembravam vitórias antigas, relembravam tempos de poder e glórias, relembravam as últimas palavras de suas mulheres que mortas foram em seus braços, os gritos agonizantes de seus filhos. Eles relembravam tudo isso e, cantando sua canção, continuavam a relembrar.

Trocavam olhares suspeitos. Seus rostos já eram cobertos de neve, suas expressões cadavéricas, sua pele pálida... Caminhavam poucos passos e ficavam um de frente ao outro, seus olhos refletindo a visão da sua própria desgraça.

Lançaram a última pergunta: "o que é a vida?".

Mas antes que a resposta chegasse, eles visualizaram suas grandes cidades, seus grandes feitos, as monumentais estátuas e as encantadoras mulheres sem igual. Visualizaram os heróis de sua infância. Eram fantasmas agora. Visualizaram os continentes conquistados, os reis dominados, os traidores eliminados. Visualizaram a supremacia de sua raça, a tirania de sua mente, a alegria de seu passado. Visualizaram todos os feitos notáveis.

Fim da canção.

E descobriram a resposta.


Obrigado Terra!!! Espero que um dia você volte à vida bloguística - se é que esse termo existe.


Felipe Terra é hoje um colunista de um portal sobre video-games.
Ray é hoje um frustado escritor de blogs.

4 comentários:

  1. Oeee
    \o

    omg..
    amei o texto
    *o*

    "Ray é hoje um frustado escritor de blogs."

    mentira
    u.u
    seus texto tmb sao mto rox


    8D

    ja ne
    kissus
    =**

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  2. Nem li. o/

    Mas os textos do Terra são muito bons sim!

    bjosmemandaumacarta

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  3. Texto mto bom =)
    -

    E deixe de ser emo, seus textos tb são mt bons ;rolleyes;
    ;P

    -

    Bêjo na testa ;*~~

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